A QUESTÃO PARTE III

 

Que ideia, Luís! atalha a Marina, a nova namorada do Pai que assistiu a tudo da porta da sala e resolve dar agora uma opinião.

Isso não é desculpa e ainda tens que o respeitar mais, exactamente por ser teu irmão, continua o Pai, se não se respeita a família, não se respeita ninguém! Não quero saber o que aconteceu, mas o que acabo de presenciar, não pode acontecer novamente! Por isso, hoje, não há saídas, ficam no jardim, leiam, joguem, inventem qualquer coisa, o que quiserem, mas sobretudo, pensem em como evitar este tipo de situações.

O Luís protesta, mas foi ele quem começou! porque tu o provocaste, diz o Pai e o meu irmão amua.

A Marina sorri-nos solidária e o Luís deita a língua de fora e eu empurro-o para o quarto antes que o Pai se aperceba.

Porque é que fizeste isso? Se o Pai te visse, o castigo seria ainda maior! recrimino, eu também não gosto dela, a única coisa que podemos fazer é manter a distância!

Ela é tão parva, veste-se daquele maneira ridícula e parece uma galinha a rir-se, exclama o Luís e eu rio-me.

Pois, esquece isso, pensa mas é no que vamos fazer para nos distrairmos, observo e o Luís encolhe os ombros, podemos esperar até que o Pai saia e depois vamos ter com o grupo ao Centro Comercial.

Não, interrompo, é melhor não arriscarmos; teríamos um castigo maior, aviso, e não quero arriscar.

Nesse momento, o telemóvel toca, é a Inês, pensei em irmos até ao parque, levávamos as bicicletas e almoçávamos no Fluvial, sugere.

Estamos de castigo, respondo, mas o que é que acontece? pergunta a Inês e eu resumo os acontecimentos da manhã.

A Inês fica calada uns minutos, ok, vou telefonar ao vosso Pai, já vos ligo, diz.

É melhor arranjarmos-nos, aconselho, se ela conseguir convencer o Pai, quero sair daqui o mais depressa possível!

O Luís utiliza a nossa casa de banho, eu esgueiro-me para a do quarto de hóspedes, ouço o Pai a falar na cozinha.

Quinze minutos mais tarde, a Inês volta a telefonar, já convenci o vosso Pai a libertar-vos da prisão, anuncia, passo aí dentro de dez minutos, mas vamos falar sobre o que aconteceu, ok? Vamos divertir-nos, mas temos que falar no que aconteceu! repete.

CONTINUA



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