A QUESTÃO PARTE II

 

É tempo de acender as velas e cantar os parabéns, o Gustavo adora o coro, a Maria Henrique esconde o rosto no ombro do Pai e a Gabriela desata a chorar, assustada pelas vozes.

Temos mesmo que os " trabalhar", sussurro, não se podem comportar assim, temos que os endurecer!

Pois, concorda o Luís, temos que desenvolver um plano, caso contrário, eles ficam uns medricas e isso não existe na nossa família, acrescenta.

Estamos muito cansados quando regressamos a casa, amanhã pensamos no assunto e até me esqueço de esconder o caderno de notas.

O Luís acorda mais cedo, aproveita o facto de eu estar ainda enroscado nas mantas para se deliciar com as minhas observações.

Acordo com as gargalhadas dele, eh, pá, não sabia que eras tão trocista! goza, mas isto de dizeres que o Edgar é um "gozão".... não sei se ele gostaria!! e ri-se.

Não sei o que se passou pela minha cabeça, mas dou-lhe um murro tal que ele caí.

O Luis levanta-se rapidamente, atira-me ao chão e dá-me igualmente um murro que me abre o lábio.

Consigo derrubá-lo, dou-lhe um pontapé nas costelas e o Luís grita de dor.

PAREM IMEDIATAMENTE! a voz do Pai parece um trovão e agarra-me pelo braço.

Estou a sangrar do lábio, amanhã devo ter uma série de nódoas negras nos braços e nas pernas, mas pouco me importa.

O que é que se passa? repete, Amadeu, queres fazer o favor de me explicar o que se passa?

Foi ele quem começou, denuncia o Luís, mas recebe de imediato um safanão do Pai, eu pedi ao Amadeu para falar, não a ti!!! e olha-me interrogativamente.

Baixo os meus olhos, o Luís estava a ler o meu diário e a gozar-me! explico, e não sei... interrompo-me, pois o Pai parece já não me ouvir.

Que história é essa de leres o diário do teu irmão? O que é que eu e a tua Mãe te temos dito? Para seres respeitado, tens que respeitar os outros!

O Luís encolhe os ombros, ora, ele é meu irmão! diz.

CONTINUA