O CASO
Com a tragédia a tocar-nos de perto, não tenho coragem de dizer aos Pais que quero sair de casa, que eu e o Armando falamos em morar juntos como um casal.
Não vejo qual é o problema, insiste, trabalhamos os dois, teremos que controlar os gastos, mas creio que podemos dar o salto.
Eu estou hesitante, há qualquer coisa nele que não " bate certo", explico à Matilde, mas a minha irmã, ocupada a tentar acalmar dois bebés furiosos , encolhe os ombros, então não arrisques! aconselha.
Nessa noite, o Armando exige uma resposta, torce-me o braço e o olhar é frio como o aço.
Liberto o braço, o Armando ergue a mão, mas eu esquivo-me e ele tropeça e caí.
Ah, peste! Vais pagar tudo! grita, mas eu volto a esquivar-me e a queda é aparatosa.
Esqueces-te que sou filha de um Inspector, aprendi muito sobre defesa pessoal, troço, nem pensar viver contigo!
O Armando está furioso, ainda mais porque a malta que assistiu ao " confronto " no parque de estacionamento ri-se.
Deixa-me sozinha, sem boleia, mas não estou nada preocupada, na pior das hipóteses, terei que chamar um táxi.
Divirto-me, o Armando é já uma memória quando a noite termina e chamo um táxi.
Há um carro que nos segue, valha-me Deus, é o palerma do Armando! penso e já estou a imaginar uma forma airosa de lidar com a situação quando vejo o Pai à porta do prédio.
A vigiar a minha chegada? pergunto e o Pai sorri-me.
Noto as olheiras, o ar cansado, a Mãe disse qualquer coisa que o caso em aberto está a ser mais complicado do que parecia.
Mas o Pai deve estar habituado, interrompo, não é a primeira vez que isto acontece, e a Mãe suspira, pois não, concorda, mas isto envolve alguém que ele conhece bem!
Quem? mas o telemóvel toca e a Mãe apressa-se a atender.
CONTINUA
Comentários
Boa semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
.
Coisas de uma Vida
Beijos e uma excelente semana.
Abraço e saúde