A GOVERNANTA

 

E agora? O que é que eu faço? e o meu marido diz, o que sempre fizeste: apoio, conforto...tudo o que eles precisam agora!

Na manhã do funeral, a Filipa vem ter comigo à cozinha e chora abraçada a mim, os rapazes pouco falam e a Inês está verdadeiramente abalada.

O Dr Tadeu aparece com os filhos uns dias depois, precisam de um lanche mágico, explica, e sei que a D.Margarida é a pessoa ideal para que tal aconteça!

Sorrio, as crianças abraçam-me e eu preparo um manjar digno dos Deuses.

A Inês deve ter ouvido as vozes dos sobrinhos, aparece na cozinha, organiza um jogo simples e a cozinha enche-se de luz e barulho novamente.

Não te dizia? Estás diferente, estás a sorrir! observa o meu marido, foi muito bom ter lá os meninos e ver a Inês a rir-se! concordo, e a Filipa telefonou, a D. Carolina vai ter alta e vem para casa no fim de semana.

E que tal está? pergunta o Carlos, encolho os ombros, precisa de fazer fisioterapia, vai demorar alguns meses a recuperar a mobilidade total, a Filipa até falou em contratar uma enfermeira, respondo.

Ela já sabe o que aconteceu ao marido? pergunta o meu marido, a Filipa e o Miguel contaram-lhe, durante uns dias, não quis falar com ninguém, nem mesmo com a irmã e a D.Carolina e a D.Teresa são muito unidas! comento.

A D.Carolina falará quando achar conveniente, atalha o Carlos, ainda está a digerir a notícia, e rimo-nos.

No dia seguinte, a Filipa e o Miguel vêm almoçar com os irmãos e estou surpreendida, a Inês não faz qualquer comentário trocista.

A Mãe vem para casa e temos que definir algumas regras, começa a Filipa, temos que trabalhar todos em conjunto, estás a ouvir-me, Inês? e a irmã ergue a cabeça, pensas que sou alguma idiota? protesta e eu mordo os lábios para não me rir, a velha Inês está de volta.

Vamos contratar uma enfermeira, a Mãe vai precisar de ajuda, continua o Miguel, mas vocês têm também que aprender a cuidar dela.

Claro que sim, interrompe o Matias, vamos revezar-nos a fazer-lhe companhia. Eu levo-a à fisioterapia, sou um condutor cuidadoso.

Eu ajudo-a a fazer os exercícios em casa, oferece-se o Edgar e todos olham para a Inês, esperam que ela sugira alguma coisa.

O quê? Ok, leio-lhe? e o Edgar dá-lhe uma palmada no braço, a Mãe está com problemas de mobilidade, não de visão!!! esclarece.

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
A Inês vai ser útil também. Recordo que quando era mais pequenita e a mãe esteve gravemente doente ela a cuidou muito bem.
Esta menina tem tanto de terrível como de bom coração.
Abraço e saúde
Por vezes as ajudas vêm de onde não se espera! Oxalá os tratamentos corram bem! Gostei
-
Detalhes de uma vida de solidão...

Beijos, e uma boa tarde

Mensagens populares deste blogue

ABSURDA

A ENTREVISTA - FIM

A ENTREVISTA PARTE III