1985 - O FIM
" Só pode estar a brincar..." repito mas o Sargento ri-se e explica-me pacientemente o que quer que eu faça.
Liga-se para o tal nº de um telemóvel descartável ( para não localizarem a chamada, penso eu, ou será que vi filmes policiais a mais?) e a dita Clotilde/Carlota atende.
Noto um certo nervosismo na voz que disfarça imediatamente e não pode ser mais acolhedora.
Combinamos um encontro nessa noite num bar cujos clientes, assegura-me o Sargento Condes, serão polícias à paisana.
O João resolve ir também; acha que vai ser uma noite interessante.
Ela ainda não chegou; combinamos para as nove e meia e cheguei cedo demais.
Mas estava tão nervoso que achei melhor ir logo para o local da acção.
O bar só tem meia dúzia de pessoas e calculo que o dono seja cúmplice do Sargento.
Sento-me ao bar, peço uma bebida enquanto o João desafia um dos " clientes " para uma partida de bilhar.
São quase dez horas quando ela entra. O cabelo está solto e o vestido é provocante.
O João assobia (o que é que estás a fazer, pá? parece um filme reles, do antigamente) e ela recompensa-o com um sorriso vaidoso.
Senta-se, beija-me carinhosamente e pede uma bebida. Diz-me então:
" Fiquei muito surpreendida com o teu telefonema. Pensei que seria a última vez que te via..."
" Oh, não, Carlota ou devo dizer Clotilde? " e vejo um olhar horrorizado, deixa cair o copo e levanta-se de imediato, pronta para fugir.
Mas uma mulher corta-lhe o caminho e o Sargento Condes prende-lhe as mãos.
" Traidor! Porco!" grita e vários outros palavrões que não me atrevo a repetir.
No bar, só ficamos eu e o João.
" Uma bebida por conta da casa?" sugere o dono e o João aceita.
" E, agora? " pergunto.
O João encolhe os ombros e murmura: " O que quiseres, pá. O que quiseres!"
Fico sem saber a que se refere - a mulheres ou à vida em si. Nem interessa no momento!
Apenas sei que vou mudar o tema da minha tese e não vou escrever sobre Ronald Reagan.
FIM
Comentários
Bjos
Boa noite.