A MUDANÇA

 

A Mãe está diferente... tem um novo corte de cabelo, comprou roupas mais modernas e janta fora mais vezes.

O que é que tu tens a ver com isso? diz a Avó quando lhe conto, a tua Mãe também tem que viver... não queres que ela refaça a vida como fez o teu Pai?

Desde que não seja um idiota como a Marina, desabafo e a Avó dá-me uma sapatada na mão, não sejas assim, Amadeu, tens que ser um pouco mais gentil com a Marina, principalmente se ela faz o teu Pai feliz!

Mas eu não quero saber e o meu irmão Luís também pensa o mesmo, por isso, somos muito formais quando estamos em casa do Pai.

O que é se passa com vocês? pergunta o Pai muito aborrecido, a Marina preparou um jantar com as nossas iguarias favoritas, mas apenas provamos, a Marina esteve com este trabalho todo, de fazer a vossa comida favorita e vocês pouco ou nada comeram.

Ficamos calados, o Pai desiste, manda-nos para o quarto, achas mesmo que esta é a atitude correcta? quer saber o Luís, a comida não estava tão saborosa como a da Mãe ou da D. Margarida, mas enfim... temos que comer alguma coisa, vamos ficar com fome e não podemos assaltar o frigorífico como lá em casa.

Cala-te, respondo, abro a porta do armário, tiro de lá um saco e atiro-o para cima da cama, tens aí bolachas, bolo, queijo, fiambre, chocolates, também trouxe Coca Cola e o Luís olha-me admirado.

Como é que?... mas eu interrompo-o, abasteci-me quando a Mãe não estava a olhar, explico, mas temos que pensar numa estratégia, caso contrário, passamos fome.

O Luís encolhe os ombros, já cortou um pedaço de bolo, abriu uma Coca Cola, e amanhã, podemos oferecer-nos para ir comprar pão, continuo, e compramos uma ração extra.

Temos que ter cuidado, avisa o meu irmão, caso contrário, o Pai vai desconfiar.

Entretanto, no quarto, a Marina queixa-se ao marido, eles pouco comeram, tu disseste que eles adoravam massa à bolonhesa e mousse de chocolate...estive com todo este trabalho para nada!!! e quase desata a chorar.

O Mateus não sabe o que pensar, tem que conversar com a Filipa, mas tem a certeza de que ela não os instigou a fazer isto.

É má vontade deles, admite, eles não gostam da Marina, mas escolhi-a para ser minha companheira, têm que a aceitar. Tenho que conversar novamente com eles, decide.

CONTINUA