A MUDANÇA PARTE II

 

Mas, no dia seguinte, o Luís caí e parte o pulso e passamos a tarde na sala de espera do Hospital.

A Mãe aparece acompanhada por um homem alto, de cabelo grisalho que apresenta como o " meu amigo Damião".

Fico desconfiado, observo-o atentamente e ele dá conta, sorri-me e eu tento disfarçar, anuncio que vou até à cafetaria.

A Mãe está nervosa, mas pede à enfermeira para falar com o médico, posso ir até à sala onde o meu filho está? pergunta, também sou médica e a enfermeira faz-lhe sinal.

Na cafetaria, escolho um croissant e peço um Ice Tea, os Pais não estão a ver, posso fazer uma loucura.

Tens a certeza de que podes beber isso? ouço uma voz por trás de mim, volto-me e o Damião sorri-me, faz-me sinal para o seguir.

Sentamos-nos numa mesa no canto da sala, então, tu és o Amadeu, o filho mais velho? comenta, a tua Mãe diz que és um artista e eu mastigo lentamente, a tentar ganhar tempo.

O Damião finge que não compreende e continua, pintas, escreves? Teatro? e eu recupero a voz que soa pedante, ainda não tenho a certeza de nada!

Pois claro, concorda de imediato, tens muito tempo, continua a fazer perguntas, mas só respondo sim ou não e acabamos de lanchar em silêncio.

Voltamos para a sala de espera, o Luís muito pálido já lá está, quer ir para casa descansar, pede numa voz muito fraca, os Pais têm um breve discussão para casa de quem ele vai, tecnicamente ainda estamos em fim de semana em casa do Pai.

A Mãe insiste, é melhor ir já para casa comigo, ficas com o Amadeu e deixas-o em casa da minha Mãe no domingo à noite.

Também posso ir para casa já, protesto, mas o Pai aperta-me o braço, não nos aborreças, adverte num tom tão solene que eu sigo-o sem mais queixas.

Passa o resto da noite a explicar à Marina o que aconteceu, está muito zangado, mas eu não consigo perceber se é porque a Mãe levou o Luís para casa ou se é porque apareceu com o amigo.

Não sei qual é o problema, interrompe a Marina calmamente, vocês estão divorciados, tu até já casaste, se esse tal Damião vai fazer parte da vida dela, qual é o problema? repete.

Podia ter falado comigo primeiro, afirma o Pai, agora aparecer no Hospital com o tipo atrás...

Coitada, estava preocupada com o Luís, observa a Marina, não tem que te pedir autorização para uma coisa tão simples como aparecer na sala de espera com um amigo.

Sei lá se é um amigo, grita o Pai e eu fujo para o quarto.

CONTINUA


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Vou continuar acompanhando o conto. Um fraterno abraço, seguindo o blog.

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