O DIÁRIO DA CARMO - PARTE III
Fevereiro, 25
O Afonso gosta do texto sobre a viagem e até publica algumas das fotos que tirei.
O Amadeu continua sisudo, pouco fala e é muito raro estar em casa.
Reparto o tempo entre o Afonso e a família.
A Eduarda e o Miguel estão sempre a convidar-me para passar parte do fim de semana com eles e não falho o almoço de domingo em casa dos Pais.
Se perguntam pelo Amadeu, dou sempre a desculpa de um turno duplo ou um trabalho urgente no laboratório.
Não comentam; esforçam-se ainda mais para eu não estar tão sozinha e por vezes, isso aborrece-me.
Até porque o Afonso está na lista rápida do telemóvel e pronto a ir ter comigo, seja num bar, num restaurante ou no motel.
Por isso, hoje, após o almoço, desculpei-me com um texto urgente a entregar no dia seguinte e fui ter com o Afonso ao motel.
Passamos uma tarde calma, divertida e dei por mim a compará-lo com o Amadeu.
O Afonso sentiu que se passava qualquer coisa, quis saber o que foi, mas eu disfarcei e disse que tinha que me vir embora.
Não sei se foi o sexto sentido, mas quando cheguei a casa, aborrecida comigo mesmo, o Amadeu já lá estava.
Março, 1
A discussão foi violenta, porque o Amadeu exigiu saber onde eu tinha passado a tarde e não aceitou a desculpa de " um texto urgente ".
Na revista, tinham dito que eu não estava lá, por isso, onde é que eu estava?
Fui dar uma volta de carro, mas ele também não acreditou e cerrou os punhos.
" Onde estiveste, Carmo?" repetiu muito devagar, quase a soletrar as palavras.
Fiquei surpreendida quando me bate com toda a força no ombro. Desequilibro-me e embato na estante.
O Amadeu aproveita o facto para me bater novamente no ombro.
" Amadeu, Amadeu, para com isso!" mas recebo um pontapé na canela.
CONTINUA
Comentários
Beijos e um dia feliz!
HOJE, DO NOSSO GIL ANTÓNIO :- flor nascida em fenda de rochedo .
Bjos
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