O GENRO PARTE IV

 

Fico a pensar no assunto, telefono ao meu cunhado Miguel, ele também acha que o tal vizinho é o culpado da agressão à Filipa.

Mas ela não quer falar, remata, só diz que se quer ir embora, descansar, esquecer o assunto.

Ela terá que falar com alguém, interrompo, se não quer falar connosco, até compreendo, mas se não desabafar, vai ser mais complicado, não quero que ela esteja sempre com medo, isso não é bom para os miúdos.

O que é que vamos fazer? pergunta o Miguel, ela e a tua Mãe vão para aquela clínica de recuperação na próxima semana, eles têm terapeutas, talvez eles consigam quebrar a barreira, opino, conheço lá alguém, foi por isso que a recomendei, deixa-me ver o que se pode fazer.

O Miguel concorda, nota-se que está preocupado e eu também fico.

Consigo falar com o meu colega, exponho-lhe a situação, ele assegura-me que vai tentar que a Filipa fale com um terapeuta, aliás, faz parte do processo de reabilitação, explica, não te preocupes, ela vai ser muito bem tratada.

O Edgar oferece-se para as levar até lá, combina-se um fim de família no local dentro de duas semanas e até a Inês promete ir.

Eu vou buscar os meus filhos à casa dos Avós, a minha Mãe ainda me tenta convencer a deixá-los ficar mais tempo, mas fiz uma promessa à Filipa.

A Filipa está mais calma, mais autónoma, a Carolina afirma que ela está a adorar o local, até eu estou a participar nas aulas de hidroginástica e sinto-me mais jovem, brinca.

Sorrio, os miúdos andam a explorar a clínica e os jardins com a Filipa, ela falou com algum terapeuta? pergunto-lhe e a Carolina suspira.

Sim, a Dra Mónica apresentou-se no segundo dia, conta, a Filipa estava um pouco relutante, mas a médica convenceu-a a irem até ao jardim, estiveram lá fora uma hora, hora e meia e a Filipa até dormiu melhor nessa noite. Mas, e suspira novamente, não sei se falaram no caso.

É provável que não, concordo, ela tem que ganhar a confiança da Filipa primeiro. Espero que ela fale sobre o assunto, será mais saudável para ela e para todos, acrescento.

Para mim também, é muito duro ver a Filipa assim tão fechada, afirma a Carolina e cala-se, porque os miúdos regressam felizes, desejosos de contarem as aventuras nos jardins.

A Filipa senta-se devagar, ainda lhe custa a andar e sorri-me, quais são os teus planos para férias? questiona.

CONTINUA

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