APRESENTAÇÃO - PARTE V


O Pai tem razão: o Bernardo aceita o desafio do Major e na quarta-feira seguinte, já terminou o livro.

Tomou imensos apontamentos, explica claramente as ideias e surpreende o grupo com a sua análise coerente.

O Major sorri e expõe igualmente a sua opinião sobre o livro. 

O António tenta interromper, há um pormenor com que não concorda, gostava de explicar o ponto de vista. 

O Major ignora-o, continua a falar até que o Nicolau se ergue e diz pausadamente:


" O Major desculpe, mas isto é um clube e os membros podem falar à vontade. Entendemos, respeitamos a sua opinião, mas agora gostaríamos de ouvir a dos outros." e volta a sentar-se.


O Major fica muito vermelho, ainda abre a boca para protestar, mas pensa melhor e cala-se.

" Deve estar a pensar " quem é este idiota para me mandar calar". " sussurra a Rita e a Aida tosse para disfarçar o riso.

O António considera que o livro fala do esquecimento a que o País do autor foi votado.

" A cidade é o palco de todos os problemas com que o País em si se depara; há revoluções, mas ninguém ganha. Aliás, é o que acontece em muitos dos Países colonizados..." acrescenta o António.

" Então, o título tem a ver com a solidão do País? " repete o Bernardo.

" E com a impotência dos homens." acrescenta o Nicolau e as duas mulheres concordam.

" Não sei se estou de acordo." intervém o Major " É porque não têm uma estrutura militar..."

" Desculpe, mas uma resposta militar não é a solução para tudo." observa o Nicolau " E, depois, estamos a discutir um livro e não a situação política."

" O livro pode ter uma mensagem política, não se pode negar, mas não é só isso." diz a Rita.

O Major prepara-se para interromper mais uma vez e a Aida decide dar por terminada a sessão.

Talvez na próxima sessão possam falar de outro autor, de um outro autor.

" E, porque não um autor português? " propõe o Major.

CONTINUA

Comentários

Dou as estrelas todas a este texto… Claramente aquilo que se espera de um clube de leitura e com cometários que são um mimo…

Beijo e bom fim de semana
Elvira Carvalho disse…
Gostei de ler. O major parece ter a ideia que só ele é o dono da verdade.
Abraço e boa semana

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