O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO - PARTE II
O
inspector tossiu e perguntou:
“
Margarida Nunes, gerente. Há quantos
anos trabalha cá?”
Margarida
sorriu amavelmente e numa voz baixa, educada respondeu:
“
Desde que o bar abriu, há 5 anos.
Sou responsável pela parte administrativa – contactos com
fornecedores, bancos, pessoal, etc. Geralmente, não faço noites,
mas ontem, o Miguel, o meu sócio estava doente e pediu-me para vir.”
“
Tem, portanto uma quota do negócio?”
e Margarida confirmou com um aceno. “ Foi a senhora que contratou o
Dj? Conhecia-o bem?”
“
Não, muito mal, poucas vezes falei
com ele. Foi o Miguel quem teve a ideia de organizar noites temáticas
e encarregou-se de tudo – aluguer de equipamento, contratar
cantores, DJ's, etc. Qualquer problema relacionado com esses eventos
é o Miguel que resolve. Apenas fiscalizo a papelada!” acrescentou
com um sorriso.
“
Certo, falaremos então com o Miguel.
Descreva-me o que se passou ontem.” pediu o inspector.
“
Cheguei por volta das 23h; o Dj tinha
começado o show, mas eu não fiquei a assistir. Fui para o
escritório, estive a rever uns relatórios e voltei à sala por
volta da uma da manhã. O show tinha terminado e sentei-me na mesa de
umas pessoas conhecidas e tomei uma bebida com eles. Eles foram-se
embora por volta das duas e meia e eu voltei para o escritório.
Continuei a trabalhar até o Joe me chamar e pedir para ligar à
polícia.” concluiu.
“
Viu o corpo? “ e a gerente hesitou
antes de responder “ Sim, vi até porque o Russo duvidou do Joe e
eu tive que intervir para não haver uma discussão idiota. Por isso,
fomos os três até ao vestiário e lá estava ele, encostado à
parede, com a manga arregaçada e a seringa presa.”
“ O
vestiário é só o pessoal ou para os clientes também?” interveio
Leandro, sem saber muito bem o que pensar deste novo relato muito
claro, muito calmo, nada emocional.
“ É
só para o pessoal... Posso fazer-lhe uma pergunta, inspector?...
Vamos ter que fechar o bar por muitos dias? É que se factura
bastante ao fim de semana...” observou Margarida
Leandro
olhou-a cautelosamente. A gerente voltou a sorrir, mas Leandro notou
que só ficou nos lábios.
“
Lamento, mas este fim de semana vai
ficar fechado. Depois avisamos quando podem voltar a abrir. Obrigada;
deixe o seu contacto com o meu sargento. Podemos ter mais perguntas
para si.” repetiu Leandro, cansado de repente.
Margarida
levantou-se e saiu tão discreta como entrara.
CONTINUA
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