O DIVÓRCIO
E, pronto!!! É uma discussão feroz, o Ramiro bate a porta com violência e fico sem notícias durante uma semana.
Não fico alarmada, não é a primeira vez que acontece e um dia, ele volta com pedidos de desculpa.
Até que aparece um tipo emproado no escritório a solicitar uma reunião, convido-o a sentar quando leio o cartão, Mateus Almeida, advogado e com um meio sorriso, pergunto-lhe qual é o assunto.
O Dr Ramiro Fonseca entrou com o processo de divórcio, explica, abrindo a pasta, e eu trouxe-lhe os documentos para analisar, a Senhora e o seu advogado, acrescenta.
Mas eu não tenho advogado, friso e o Dr Almeida olha-me surpreendido, o Dr Ramiro não me informou, pensei que este assunto já tinha sido discutido e era só concluir as formalidades.
Não, o Dr Ramiro não discutiu o assunto comigo, é a primeira vez que ouço falar de divórcio, respondo, tentando ser o mais polida possível, afinal, o homem não tem culpa.
Não fui informado, repete, o único conselho que lhe posso dar é que contacte um colega meu e converse com ele sobre o assunto.
Levanta-se, nota-se que não está à vontade, decerto pressente que vai haver grandes problemas e eu fico tipo estátua a olhar para o envelope que ele deixou.
A minha vontade é telefonar ao Ramiro e dizer-lhe umas verdades, ser curta e grossa, mas talvez seja melhor falar disto com alguém...
E, porque não o mano Bernardo, tão amigo do Ramiro que já deve estar ao corrente.
Não, não, repete, o Ramiro não me disse nada... Sei que houve uma grande discussão, o Ramiro diz que tu és muito teimosa, mas o que ia fazer... não comentou, concluí.
O que achas então que devo fazer? pergunto e parece que sinto o meu irmão a encolher os ombros, não sei, contrata um advogado, vê o que ele te diz e a partir daí, tenta reconciliar-te, aconselha, se é que queres, apressa-se a dizer.
Desligo, suspiro sem saber bem o que fazer...
O que faria a Leonor de Aquitânia?
CONTINUA
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