O NOVO CASO - PARTE IV


" Então, o que me diz da aldeia ter feito parte de uma operação policial? " pergunta o Juiz Lourenço no jantar semanal no Café do Chico.

Leitão fica surpreendido pela pergunta, mas o Juiz não espera resposta e continua a falar.

" Ao que parece, têm um nome muito semelhante ao daquele caso bombástico há uns anos. A oportunista casa com o filho do patrão e limpa as contas pessoais e da empresa. Lembra-se? "

" Trabalhei no caso." admite o ex-inspector.

" Ah, isso é interessante. Primeiro, fugiu ela e mais tarde ele. Pensaram que tinham sido os dois os autores do golpe, mas não tinham provas. Foi isso? " insiste o Juiz.

" Em parte. As provas contra ela eram claras... Ele nem tanto." explica Leitão.

" Almocei há uns meses com um colega em Lisboa que me disse que conhecia alguém da família. Continuam convencidos de que ele fugiu para o Brasil com vergonha do que ela fez." confidencia Lourenço.

" Na altura, não falaram nisso." esclarece o Inspector, mas nesse momento, o Chico trouxe o linguado grelhado com molho de marisco e o Juiz dedicou-lhe toda a atenção.

O resto da noite foi passado a discutir política e estratégias de xadrez.

Leitão fica a matutar no assunto e resolve telefonar ao Inspector Lopes.

Talvez tenham sorte e descubram onde está o Gonçalo Mateus Abreu.

" Acredita que se vai descobrir alguma coisa? O Brasil é um Mundo." Lopes não disfarça o seu cepticismo.

" Eu sei. É um tiro no escuro, mas quem sabe? Até podem lá estar os dois agora em Manaus ou noutro sítio. Não creiam que tenham ido para o Rio ou São Paulo." sugere o ex-Inspector.

" Mas... " O ex-sargento está hesitante; teve sorte, para quê continuar com um caso antigo?

" Oh, Lopes, tente." pede Leitão impaciente.

Só quando desliga é que se lembra que não está mais ao serviço.


CONTINUA


Comentários

Sofá Amarelo disse…
Diálogos cada vez mais fluídos, naturais, ao nível de grandes romances policiais... estes contos não podem ficar por aqui, é urgente reuni-los e publicá-los...
A Nossa Travessa disse…
Minha querida Martamiga

Esse malandro do Sofá põe-me amarelo! Quando estou para escrever um modesto comentário o bandido adianta-se-me e vai disto, bota ele. Cada vez mais penso que se trata de caso para investigação pois penso que é plágio a anteriori.... :-)

A coisa direcciona-se para o Brásiu por isso tá preta. Cada vez mais interessado sigo as aventuras e sobretudos as desventuras do reformado que nunca mais chegará a Suíno... :-)

Muitos qjs deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão

En passant Ó Sofá deixa-te de tretas e vê se cumpres o prometido!!!!!!



INFORMAÇÃO
Já está publicado na Nossa Travessa um novo episódio da saga sobre a síndrome de Down, que motivou que desse este esclarecimento:
De há uns largos tempos a esta parte vinha pensando que o título genérico desta saga estava errado e além disso não correspondia à verdade do texto e até era estúpido. Mas a preguiça tem uma regra essencial: não mexer uma palha e como se diz agora não sair da “zona de conforto”, ou seja do “ninho” que é onde se está bem, pelo menos eu. Mas o Frederico não merecia que escrevesse que era difícil
viver com ele porque na realidade era bem o contrário. Daí que fiz das fraquezas forças e aqui vai o novo genérico renegando o anterior. Espero que gostem.
VIVER COM UM IRMÃO PORTADOR DE SÍNDROME DE DOWN – 13
Este episódio que tem o título Căsători să fie fericit que em romeno significa Casar e ser feliz aborda o matrimónio do Frederico com a Elena Petronescu uma moça de Bucareste que veio para Portugal ainda era bebé e que também é portadora da síndrome de Down. Mas também regista os problemas pós casamento da Maria Rita e do Armando.









Post fantástico!!

A lacuna na inspiração
Beijos e uma excelente semana.

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