OS AMANTES
É
certo e sabido que o Joaquim entra às 08h55 no café, pede um café
em chávena escaldada e senta-se naquela mesa em frente ao vidro,
calado, à espera.
E
às 08h59, 09h00, com passo apressado e ainda a abotoar o casaco
passa a Catarina.
Dois minutos depois chega o autocarro, ela entra e
o Joaquim levanta-se, paga o café e saí.
De
segunda a sexta, esta é a rotina do Joaquim e diz-se por aí que
está apaixonado pela Catarina, aquela ruiva esbelta e sexy, mulher
do Vicente. O que ela viu no Vicente, ninguém sabe, pois este é atarracado, um pouco gordo e calvo. É uma simpatia, verdade seja
dita e os empregados, que também frequentam o café, classificam-no
como um patrão exigente, mas justo.
Mas
a pergunta continua a ser: será que a Catarina casou-se com ele por
causa do dinheiro? Ou haverá ali uma outra história mais macabra?
“
Oh, rapaz, não
digas disparates!” pede-me o Tio Manuel quando me atrevo a
contar-lhe as minhas suspeitas à hora de almoço e o café tem pouca
gente.
“
Ora, tio, estamos
no século XXI e se estivesse mais tempo na Net, lia histórias ainda
mais macabras!” respondi, indignado.
Excerto do meu Conto publicado na Colectânea da Editora Pastelaria Studios e subordinada ao tema "A Mulher do Próximo".
Comentários