O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO
O
inspector Leandro não entendia a razão das pessoas escolherem
alcunhas como “Mad” Bastos, “Red” Zé ou “Top” Ventura.
Mas
ali estava ele, naquele bar deserto ainda com vestígios da loucura
da noite, sentado em frente de um segurança conhecido como “Mad”
Joe.
“
Mad, hem? Pavio curto é? “
perguntou irónico, mas o segurança esboçou um sorriso e comentou:
“
Não, chefe. Sou muito calmo! O meu
físico impõe respeito!” e riu-se.
Leandro
sorriu e concordou com ele. Devia ter mais de um metro e noventa de
altura e devia passar horas no ginásio para ter aqueles músculos.
“
Conte-me o que aconteceu ontem à
noite. Quem é este...” parou um momento para consultar o bloco que
tinha aberto à frente dele “ DJ Macabro?”
“ É
o responsável pela música às 5ªs Feiras. Escolhe umas músicas
estranhas, chama-lhes “magie noire” e o pessoal fica louco.
Gritam, dançam e ontem até tive que expulsar uns 4 ou 5, porque
umas raparigas queixaram-se que as estavam a assediar...”
“
Isso é habitual?” interrompeu
Leandro e o “Mad” Joe encolheu os ombros, continuando:
“
Acontece, não vou negar, mas o
ambiente é diferente nos outros dias. Mais calmo, mais familiar.
Bem, a música começou por volta das 23 horas; durou cerca de hora e
meia e vi-o tomar uma bebida com um grupo... Entretanto, chamaram-me
e fui lá para fora vigiar a porta de entrada. O bar fechou às cinco
da manhã, com os atrasados só às cinco e meia é que tranquei a
porta. “
“
Certo! Além de si, quem ficou cá?”
perguntou o inspector.
“ O
barman, Russo e a gerente, Margarida. O
Russo estava a preparar as Máquinas de Lavar e a Margarida estava no
escritório a fechar a caixa, penso eu. Fiz uma ronda pelas
instalações, recuperei copos (as pessoas deixam-nos nos lugares
mais incríveis), verifiquei as casas de banho e os vestiários. E
foi aí que descobri o corpo. Avisei logo a Margarida e ela chamou a
polícia.” Calou-se e endireitou-se na cadeira, olhando Leandro nos
olhos.
“
Não tem nada a esconder; está a
dizer a verdade!” pensou Leandro que aclarou a garganta antes de
falar.
Mas
o “Mad Joe” interrompeu-o: “ Oh, chefe, ainda vai demorar
muito? Tomo sempre o pequeno-almoço com a minha filha e depois
levo-a à escola.” explicou, ansioso.
“
Sim, sim. Deixe o seu contacto ao
Sargento Bernardes quando sair. Podemos ter outras perguntas para
si.” concordou Leandro que fez sinal ao sargento.
O “Mad” Joe
agradeceu-lhe com um aperto de mão e saiu rapidamente do local.
“
Então, chefe? “ questionou o
Sargento Bernardes.
“ Um
relato muito claro, Bernardes e não, não me parece que tenha alguma
coisa a ver com isto. Mas nunca se sabe, nunca se sabe!” confessou
Leandro. “ Vou falar com a gerente, Margarida, não é?”
“ É,
sim, chefe. Vou buscá-la.” E desapareceu, trazendo minutos depois
uma mulher com cerca de 40 anos, vestida discretamente.
Tinha cabelos
ruivos compridos, uma pele muito sardenta e uns olhos verdes que
cativaram Leandro de imediato. Sentou-se elegantemente e esperou que
Leandro falasse.
CONTINUA
Comentários