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A mostrar mensagens de abril, 2015

O EX-AMANTE - UM DESAFIO

OBRIGADA! Salvaste-me a vida; tenho a certeza de que este jantar seria um fiasco se não me ajudasses. Mas que ideia a dele, convidar de uma hora para a outra o patrão para jantar!!! Disse-lhe tantas vezes que esta seria uma semana complicada em termos de trabalho e ele esqueceu-se!!! Pois, homens egoístas! Diz-me uma coisa: achas realmente que as 2 quiches e várias saladas vão resultar?... E de sobremesa, a mousse de manga e a salada de frutas, será que o francês vai gostar?... Ah, não te disse que ele é francês??? Ou luso-francês, não sei bem; sabes que o teu irmão só explica metade das coisas e eu tenho que adivinhar a outra metade. Que horas são? Tenho tempo para um duche  rápido  e fazer qualquer coisa a este cabelo. Não tive tempo de ir ao cabeleireiro; vou ter que o prender. Tu ficas, não é verdade? Vai a casa mudar de roupa e volta. Sempre seremos duas a sofrer e a ter um sorriso fixo. Onde é que o teu irmão tinha a cabeça??? Porquê hoje e não no fim de semana?... …

BANAL E TRISTE

Hoje não tenho qualquer história a contar... E não posso dizer porquê... Falha-me a voz... As palavras... Há lágrimas nos meus olhos...  E sinto-me banal e triste...

O JANTAR FALHADO

Margarida vai dar um jantar. E amaldiçoa ter gabado os seus (inexistentes) dotes culinários. Mas o que podia ela fazer se a conversa favorita no escritório era comida e a troca de receitas? E, tinha que ser honesta, algum dia tinha que retribuir os convites dos colegas e já: “… Que dizes cozinhar tão bem, porque é que não nos deslumbras com um jantar?” sugere a Ana, famosa pelas sobremesas inovadoras. “ Este fim-de-semana, por exemplo?” acrescenta a Matilde, que adora improvisar pratos com ingredientes tradicionais. As outras que ouviam atentamente, acenaram com a cabeça em sinal de concordância. Margarida não pode recusar e ei-la agora a pensar como há-de resolver o assunto. Só se pedir ajuda à Mãe, mas já sabe que esta vai fazer um grande discurso. “ Não te disse que devias aprender a cozinhar em condições? E agora? Tens que me pedir ajuda…” etc, etc e por isso, quando lê na montra da loja Gourmet perto de casa “serviço de catering”, não hesita e pergunta: “ Claro que

OS AMANTES

É certo e sabido que o Joaquim entra às 08h55 no café, pede um café em chávena escaldada e senta-se naquela mesa em frente ao vidro, calado, à espera. E às 08h59, 09h00, com passo apressado e ainda a abotoar o casaco passa a Catarina.  Dois minutos depois chega o autocarro, ela entra e o Joaquim levanta-se, paga o café e saí. De segunda a sexta, esta é a rotina do Joaquim e diz-se por aí que está apaixonado pela Catarina, aquela ruiva esbelta e sexy, mulher do Vicente. O que ela viu no Vicente, ninguém sabe, pois este é  atarracado , um pouco gordo e calvo. É uma simpatia, verdade seja dita e os empregados, que também frequentam o café, classificam-no como um patrão exigente, mas justo. Mas a pergunta continua a ser: será que a Catarina casou-se com ele por causa do dinheiro? Ou haverá ali uma outra história mais macabra? “ Oh, rapaz, não digas disparates!” pede-me o Tio Manuel quando me atrevo a contar-lhe as minhas suspeitas à hora de almoço e o café tem pouca gente.

POEMA-ME

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É uma honra ter uma vez mais um dos meus poemas seleccionado pela Editora Lua de Marfim e publicado na colectânea acima ... E será sempre um prazer contar-vos  uma história da noite  ou fazer um discurso à chuva... Obrigada por partilharem  comigo esta viagem....

EM NOME DE

Choro.... Por ti... Só por ti... Pela angústia que leio no teu olhar. ... Uma angústia que ninguém tão pequeno devia sentir.... Ou mesmo esse terror e solidão que te pesam nos ombros e que não sabes, não compreendes o que é..... Não sentes o sol nem partilhas os gritos de alegria de quem brinca tão feliz ........ Porque o teu corpo queixa-se... Da fome que o assalta.... Do lugar sujo e frio onde te deitas... E onde sonhas... e como sonhas!!! Que alguém te aconchegue a roupa com um sorriso... Um sorriso que já viste... mas quando?... Já nem te lembras... Sabes apenas que esse alguém desapareceu e te deixou sozinho... Deixando-te à mercê de um mundo egoísta e déspota.........

VERDADEIRAMENTE

Não sei que promessas a vida me fez... Lembro-me apenas dos sonhos... Dos que desapareceram numa nuvem de cinza... Dos que duraram um segundo, mas fazem com que ainda sorria... E às vezes, pergunto-me: O que faço aqui? O que quero verdadeiramente?... Mas nem a vida me responde...

PEDRAS

Fácil devassar a vida dos outros e lançar pedras... Talvez queira esconder como a sua vida não é tão perfeita como diz... Como se sente só e vulnerável... Tenho pena de si... Não confunda com inveja... Porque eu sei que a minha vida não é perfeita, mas vivo-a.... Com alma....

EI-LOS QUE PARTEM

Ei-los que partem... Sem um olhar.... Se olharem, a partida será ainda mais dolorosa, porque os rostos dos que ficam reflectem a mesma dor, a mesma angústia. E pensa-se: que País é este que deixa fugir quem o ama tanto? É esse o grito mudo de quem parte, de quem fica amarrado a uma saudade que nunca desaparecerá... Essa saudade que ninguém compreende, porque se entranha, profunda, na alma, no coração. Ah, que bom seria dizer: “Não partas!”, prometer soluções que, depois se transformam em pó e ouvir na voz uma revolta surda e verdadeira... Mas partir na incerteza, com apenas promessas? Dói... Como dói! Como torna os dias e as noites amargos! Como destrói o olhar e o sorriso! Porque cada dia é um sobressalto, cada noite uma angústia... E o silêncio é um pesadelo... Esquecem-se os prazeres, vive-se com as promessas... De um telefonema, de um e-mail, de uma conversa via Skype... Falta o toque, o beijo, o abraço... o calor humano... Por isso, respond

É MENTIRA - O MAROTO DO TIO BERNARDO

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Já perdi conta aos anos que vivo nesta vila simpática onde todos se conhecem e se tratam por tu. O progresso já se instalou, claro está, mas há regras, porque conseguimos que fosse declarada  Patrimônio  Nacional. É o local ideal para escrever os meus romances policiais com um leve toque erótico, e o sucesso que estou a ter surpreendeu-me. O meu editor está a pressionar-me para que faça uma pequena viagem de apresentação do novo livro, mas estou relutante. Desde que a minha mulher morreu, tornei-me mais solitário e não tenho muito paciência para elogios e perguntas sem nexo. Por isso, quando o Jaime me veio visitar, achei que ele seria a pessoa ideal para apresentar o livro. O Jaime estudou literatura moderna, é tradutor e conhece muito bem a minha obra. Já leu o novo livro, tem uma opinião sobre o tema que pode partilhar com o público. “ Oh, tio, mas não fui eu quem escreveu o livro. As pessoas vão querer saber como te inspiraste, o porquê de misturar o policial com o